La Marcha Real é o hino nacional da Espanha. É um dos raros hinos nacionais que não tinham letra. A música é bastante antiga e data no mínimo de 1761. Foi adoptado e abandonado diversas vezes, sendo promulgado pela última vez em 1997.
Mais isso agora tem mudado. O hino espanhol, LA MARCHA REAL, já tem letra.
O autor é Paulino Cubero, un desempregado de
52 anos, cujo trabalho foi o eleito entre as cerca de 2000 propostas.
“Fiz o hino para a pátria da classe média, das pessoas que apanham o
metro para ir trabalhar”, disse Cubero à imprensa.
A letra do hino (ver em baixo) foi
conhecida hoje cedo, depois de alguém ter filtrado a informação para o
diário “ABC”. A notícia acabou por ser oficializada ao início da tarde
de hoje, durante uma conferência de imprensa, pelo presidente do Comité
Olímpico Espanhol (COE), Alejandro Blanco, que expressou o seu mal-estar
pela “fuga de informação” porque, nas suas palavras, o texto merecia
ter sido conhecido “com mais grandeza”.
A notícia do “ABC” acabou por precipitar
os eventos, uma vez que a nova letra do hino deveria permanecer em
segredo absoluto até dia 21 de Janeiro, dia em que será cantado por
Plácido Domingo, em Madrid.
“O que eu queria era que toda a sociedade
em geral, e o mundo do desporto, conhecessem a letra no mesmo dia. O
problema não está no jornal que publicou a letra, mas na pessoa que
passou a informação, que não sabemos quem foi”, afirmou Alejandro
Blanco, declarando-se “para lá de chateado”.
Paulino Cubero, um manchego (oriundo da
comunidade de Castilla- La Mancha) que se assumiu como um “perdedor”,
indicou que desde sempre sentiu a necessidade de escrever. “Com a letra
do hino quis reflectir a pátria tal como eu a entendo”, indicou aos
jornalistas.
A ideia de escrever uma letra para o hino
surgiu no seio do COE, que pediu a colaboração da Sociedade Geral de
Autores Espanhóis (SGAE) com o intuito de se formar um juri que
seleccionasse da forma mais adequada as candidaturas recebidas. “Esta
ideia não foi uma palermice, e devia ter tido mais grandeza”,
acrescentou Blanco.
A partir de agora começará um período de
recolha de assinaturas para propôr que a letra do hino seja aprovada
pelas Cortes como um iniciativa legislativa popular. É necessário que a
proposta recolha pelo menos 500 mil assinaturas.
Letra recebida com pouco entusiasmo
A proposta vencedora foi recebida com
pouco entusiasmo quer pelo cidadão comum quer pelos políticos. No espaço
de comentários dos principais “sites” noticiosos muitos leitores
indicam que preferem o hino sem letra. Afinal de contas, a Marcha Real
sempre existiu apenas e só na versão instrumental. Contactada pelo
PUBLICO.PT, Susana Ortega, uma jovem informática natural de Granada,
indicou que a letra lhe parece “um pouco antiga” e não acredita que as
pessoas venham a aprender a cantar o hino, considerando ainda que a
letra poderá não agradar aos nacionalistas, “uma vez que em alguns casos
eles não se consideram espanhóis”.
A proposta de Alejandro Blanco também
parece não entusiasmar os políticos espanhóis. O líder do partido
Izquierda Unida, Gaspar Llamazares, fez saber, citado pelo “El País”,
que “a letra soa a antigo (…) Parece um hino do passado. Não é um hino
do presente”. Por seu lado, a vice-presidente do Congresso, Carmen
Calvo, desacreditou por completo a letra hoje tornada pública,
apelidando-a igualmente de “antiga” e destacando que contém “expressões
vetustas” que não correspondem à “linguagem” nem aos “valores” dos
cidadãos de hoje.
Letra do hino espanhol:
¡Viva España!
Cantemos todos juntos
con distinta voz
y un solo corazón.
¡Viva España!
Desde los verdes valles
al inmenso mar,
un himno de hermandad.
Ama a la Patria
pues sabe abrazar,
bajo su cielo azul,
pueblos en libertad.
Gloria a los hijos
que a la Historia dan
justicia y grandeza
democracia y paz.