No post anterior, comentei sobre a escolha entre inglês e espanhol para crianças pequenas. Prometi que falaria sobre a importância de começar os estudos desde cedo, certo?
Mães, pais e teachers... sabe aquelas coisinhas fofas que vocês tem em casa ou na sala de aula, que ainda estão aprendendo a usar as palavras, que soltam pérolas cuti-cutis que dão vontade de apertar a bochecha? Pois é... eles tem mais facilidade do que nós, adultos bobões que se acham, para aprender qualquer tipo de coisa.
Eu poderia usar vocabulários rebuscados (?!), científicos e difíceis pra falar sobre o assunto, mas tornaria as coisas chatas demais. O que importa saber, pais e profes, é que existem estudos científicos avançados que servem de base para teses que defendem que a criança seja estimulada desde cedo ao aprendizado.
Em palavras bem simples e desprovidas de cientificidade acurada (ó, e eu disse que não iria falar bonito!), os cientistas afirmam que as crianças possuem "janelas" de aprendizado que se "abrem" desde até antes do nascimento, mas que se "fecham" conforme o tempo vai passando e a criança envelhecendo.
Ou seja, a criança nasce com grandes possibilidades de, se corretamente estimulada, aprender inúmeras habilidades ao mesmo tempo e desde cedo. Conforme os anos vão passando, essas possibilidades vão diminuindo, devido a diversos fatores cognitivos e do meio.
É sabido, por exemplo, que uma criança pode aprender vários idiomas ao mesmo tempo. A condição para que isso aconteça, de acordo com os estudiosos, é que a criança tenha uma referência fixa de cada idioma. Por exemplo: a criança só fala português com a mãe e o pai. Com o avô, ela só se comunica em italiano e com a tia, só em alemão. Em nenhum momento, avô e tia se comunicam em português com a criança. Ela não perde a referência do idioma e não tenta se comunicar em português com o avô e a tia porque não obterá resposta em português. Fui clara?
Portanto, se os pais e professores estão na dúvida sobre a idade certa para estimular o aprendizado das crianças, tenham certeza de que "quanto antes melhor". Entretanto, é necessário "muita calma nessa hora"! Nada de sair matriculando os pequenos em tudo quanto é curso por aí, nem enchê-los de estímulos. É necessário cuidado para não sobrecarregar e acabar estressando, frustrando e, pior ainda, aumentado o filtro afetivo da criança em relação a determinada atividade.
Alguns adolescentes, por exemplo, demonstram horror ao inglês, á matemática e até ao português. Isso se deve, dentre outros fatores, a sucessivas frustrações do aluno com relação a essas matérias e, talvez, a inabilidade dos professores em baixar o filtro do aluno com relação a essas matérias. Mas isso é um assunto pra outro post.
Alguns pais, na ânsia de proporcionar o que há de melhor para os filhos, ou não deixar faltar nada em sua educação, matriculam os pequenos em mil e uma escolas. Tive um aluno que fazia as seguintes atividades durante a semana: escolinha de futebol, treino de futebol no colégio, pintura a óleo (?), Kumon de português e Kumon de matemárica, Inglês, natação, xadrez, teclado, guitarra e flauta. E escoteiro no sábado. Ah sim, de tarde ele também estudava na escola regular, pobrezinho. Eu me pergunto: quando é que ele tinha tempo de sentar para fazer um tema bem feitinho? Ou como ele fazia para se concentrar com tanta coisa ao mesmo tempo?
Não quero dizer, de forma alguma, que algmas atividades são mais importantes do que outras. Nada melhor do que poder oferecer aos nossos filhos conhecimentos musicais, lógicos, esportivos, linguísticos, certo? Mas existe realmente a necessidade de estudar três instrumentos musicais ao mesmo tempo? Frequentar duas escolinhas de futebol mais a natação?
Para não ficar na crítica vazia, sugiro uma solução para pais que não abrem mão de oferecer todas as possibilidades aos filhos: tente uma habilidade de cada vez. Por exemplo: durante o ano, o aluno pode ter uma experiência com cada habilidade. Praticar futebol, estudar inglês e matemática e frequentar aulas de teclado. No outro ano, se for do desejo da criança, ela pode trocar a matemática pelo xadrez. O inglês pelo Kumon de português. O futebol pela natação.
A medida em que a criança tem contato com várias atividades, ela pode fazer escolhas por si mesma. Preferir o futebol à natação. O xadrez à matemática. Fazer o que realmente gosta e que traz interesse e motivação para a criança. O que não dá é pra encher a criança de coisas pra fazer e esperar que ela dê conta de tudo perfeitamente, não é? Nem os pais, nem os professores conseguem fazer milhares de coisas ao mesmo tempo de maneira competente e satisfatória, certo?
Certo! Rá!
Além das "janelinhas" de aprendizado que os nossos pequenos têm desde a mais tenra idade, eles também são abençoados com a falta de vergonha. É... você leu direito: falta de vergonha. No melhor dos sentidos, diga-se de passagem. Um dos fatores que mais atrapalha o aprendizado de adolescentes e adultos é a vergonha, o medo de errar. E quando que criança tem isso? Não tem, né gente! Ainda bem. Ainda mais se a "teacher" ou "profe" consegue manter o filtro afetivo das crianças lá embaixo, usando reforços e estímulos positivos ao invés de negativos.
Portanto, gente, só posso concluir que é importante que a criança seja estimulada desde cedo. Sem sobrecargas, sem cobranças, para que não haja frustrações. Temos que lembrar que as nossas aspirações não são necessariamente as aspirações dos nossos filhos e alunos. O nosso filho não tem que ser o esportista ou instrumentista que você não conseguiu ser.
Pensem nisso, pais e teachers!